Fiadeiras de Soajo

2025
Voz, polifonia, ancestralidade

Serra do Soajo

O grupo das ‘Fiadeiras de Soajo’, partindo da ideia do “sarão” do fiadeiro da lã, perpetua os cantares e as vozes que ecoavam nos trabalhos rurais através de uma viagem pelo cancioneiro soajeiro, tentando, desta forma, dar a conhecer a cultura e a tradição de Soajo.

Os fiadeiros, à semelhança de outros trabalhos como o debulhar as espigas, tinham lugar, na maior parte das vezes, em casa, nos dias em que a chuva convidava a ficar em casa ou à noite, ao borralho. As mulheres, amigas e familiares, juntavam-se assim à volta do trabalho da lã, entre conversas, confidências, cantorias e lenga-lengas. Quando o fiadeiro acontecia na Casa do Povo, por iniciativa de um grupo mais alargado de mulheres, os homens acabavam por participar de alguma forma: aproximavam-se com uma concertina e cantavam para as mulheres a pedir para entrar. Só depois delas responderem é que eles entravam, para dançarem e cantarem juntos. O tom dos cantares do fiadeiro é mais baixo, mas as cantigas eram as que se cantavam um pouco por todo o lado. Os fiadeiros, desempenhavam um importante papel na vida social, sobretudo das mulheres, nas longas noites de inverno, além de servirem para trabalhar a lã – carpiavam, faziam meias, aventais de cobrir e o que precisassem – combatiam a solidão própria da região e das suas mulheres.

Em Fevereiro de 2025, organizamos com o grupo das Fiadeiras de Soajo um dia de partilha de um Fiadeiro para o projeto Ser Montanha, onde aprendemos a arte ancestral de carpear e fiar a lã com a roca e o fuso, enquanto escutamos os cantares. E desde aí, juntamo-nos a este grupo de mulheres maravilhosas, com muito para ensinar, com quem têm sido uma honra e um prazer aprender estes cantares ancestrais, as estórias, e as belas artes da lã – memórias vivas da comunidade.

 

 

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